Homens armados, uma concessão da Democracia

Para o resto do mundo, meus filhos podem ser considerados uma aberração, mas serão sempre meus filhos, vou protegê-los e amá-los sempre e, ao mesmo tempo, ensinar para eles o caminho do amor, a força infalível. Compreendo a atuação do Presidente Jair Bolsonaro neste aspecto, ele é pai. O grande problema do Presidente é que ele historicamente “estacionou” no período pré-1964, e com base nesta visão turva ele se manifesta e age. O Presidente está em guerra declarada, e por não saber contra quem, transforma quase todos em “inimigos” desferindo golpes a esmo. Afirma que não o deixam governar, mas a arte da política na democracia é justamente esta. Abrir portas através do diálogo e do convencimento. Afinal, perguntam alguns, apoiar o Presidente em que? De fato não estão claros os rumos do governo em matéria de saúde, segurança pública, educação, infraestrutura, desigualdade social, habitação, política externa e Direitos Humanos. Tudo é muito nebuloso, confuso, conflitante e traumático. Integrantes do governo se assemelham ao participante de uma corrida de revezamento que, ao pegar o bastão, ao invés de correr, fica parado para reclamar do corredor anterior e se esquece de fazer o seu próprio percurso. Parece que só o “plano de guerra” está sendo executado. Guerra contra o comunismo, contra perigosos subversivos esquerdistas, contra parte da imprensa, contra militantes de Direitos Humanos, contra ex-ministros, contra o STF, contra os Deputados, Senadores, e contra governadores e prefeitos que não acreditam que a pandemia do COVID-19 é apenas uma “gripezinha”. Decretou guerra também contra a Rede Globo. Interessante! Em minha infância só assistia a Globo. Não perdia jornada nas estrelas, viagem ao fundo do mar, agente 86. Muitas redações e trabalhos escolares foram feitos ouvindo a voz de Cid Moreira no Globo Repórter e Jornal Nacional. Nunca fomos influenciados ou ofendidos com qualquer exibição. Quando a programação não era edificante, mudava de canal. Examinai tudo, retende o que é bom, diz a Bíblia. Também assisto outras emissoras, são fantásticas, mas aprecio, e muito, o estilo de jornalismo da Globo. Gosto de ouvir William Bonner e os demais repórteres. Até corridas entre duas formigas com narração de Galvão Bueno fica emocionante. Todas as emissoras exibem excelentes programas, mas a Rede Globo tem um faro especial para garimpar e forjar grandes talentos. Por favor, não me matem. O estilo ofensivo do Presidente é um eficaz pavio detonador de crises a cada aproximação que faz do “cercadinho da insensatez”. O estilo de alguns Ministros não ajudam. Parece que ninguém alertou o Presidente de que “milicianos”, embora tenham integrado ou integrem as forças de segurança, também praticam crimes. Para complicar a situação, promotores de justiça e magistrados fazem um verdadeiro show em cima das “rachadinhas” de Flávio Bolsonaro e Queiroz. Fingem não saber que os penduricalhos dos auxílios imorais, tão ardorosamente defendidos por essas “excelências”, também representam artimanhas para promover desvios de recursos públicos. A prisão de Queiroz, em matéria de moralidade, é uma verdadeira guerra de farrapos entre os adeptos das “rachadinhas” da corrupção política e os adeptos dos “penduricalhos” da corrupção jurídica. Por fim, um dos maiores erros, é acreditar que a democracia é uma “concessão do poder armado” sem atentar para a realidade de que os homens armados é que representam uma “concessão” da democracia. Existimos para proteger a sociedade, não para escravizá-la. Seria até cômico nos dias atuais uma fileira de tanques e centenas de soldados armados cercando o STF e o Congresso para “enfrentar” os “perigosos” Ministros e Parlamentares, compostos por uma maioria de idosos e todos desarmados. Tal operação, dado ao elevado grau de insensatez, deveria ser batizada de “operação covardia extrema”. Os valores da democracia, por exaltar o diálogo, a pacificação, a dignidade da pessoa humana, a defesa e promoção dos Direitos Humanos são tão elevados, que os que se aventurarem a tomar o poder pela força das armas terão que recuar e ainda escreverão as mais vergonhosas páginas da história. O Presidente pode e precisa urgentemente mudar o rumo. O amor, a pacificação, a solidariedade e o capitalismo fraterno são sonhos possíveis no âmbito dos elevados valores da democracia. Tudo é possível. O amor nunca falha. 

Marques, Claudio Marques Rolin e Silva.

É delegado de polícia do Paraná, lotado no Núcleo de Proteção á Vulneráveis, Coordenador Geral de Ações da Comissão de Direitos Humanos Irmãos Naves. Idealizador do Plano Orientador Nacional de Segurança Pública – Planejamento Estratégico das Polícias Judiciárias. Idealizador das 7 Medidas de Combate à Corrupção Jurídica. Autor dos livros Operação Sepulcros Caiados I – Desvendando a “face oculta” do Ministério Público Brasileiro e “Espirito Santo – A força infalível do amor”, que será lançado em breve. 

Contatos – marquesrolinesilva@hotmail.com 41-99846-2701 – visite o site www.cdhirmaosnaves.com.